A Câmara de Penela quer que a Autoridade Florestal Nacional interdite a pesca na Ribeira da Azenha, na freguesia do Espinhal, para proteger as cerca de 500 trutas lançadas nas águas há duas semanas.
O objectivo da autarquia é a constituição de uma “zona de protecção” para “garantir a adaptação, sobrevivência e preservação das trutas repovoadas”, disse nesta quinta-feira à Lusa o agrónomo João Amílcar, do Gabinete de Desenvolvimento Rural da autarquia.
O responsável explicou que as trutas, como foram desenvolvidas em viveiro, “necessitam de algum tempo para se adaptarem ao meio selvagem”, podendo ser facilmente apanhadas, daí a importância de ser criada uma zona de protecção durante esta fase.
“Houve quem soubesse do repovoamento e fosse logo apanhar trutas, mas são pessoas com licença e estamos na época em que se pode pescar”, disse Jorge Pereira, presidente da Junta de Freguesia do Espinhal, que tomou a iniciativa de repovoar a ribeira.
Além de “devolver vida” à ribeira, outrora com “fama na pesca à truta a nível regional”, segundo a Câmara, o repovoamento visa sobretudo a reprodução da espécie. A maioria das trutas (espécie fário) lançadas na ribeira tinha um tamanho médio de cerca de sete centímetros e a espécie escolhida, que pode atingir nove anos de idade, é destinada a águas turbulentas, característica da Ribeira da Azenha.
A monitorização da espécie repovoada não está a ser feita. Mas, na opinião de João Amílcar, poderá ser tema de trabalho para investigadores na área.
Embora o objectivo principal da iniciativa seja o de restituir vida à ribeira, “em tempos com muitas trutas”, uma das vertentes que poderá vir a ser equacionada é a pesca desportiva. O município de Penela está a iniciar o processo de atribuição de uma concessão de pesca desportiva a ser remetido a aprovação por parte da Autoridade Florestal Nacional, e que é efectuada por despacho da ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e Ordenamento do Território, avançou João Amílcar.
A Ribeira da Azenha atravessa uma área designada por Pedra da Ferida, que conserva alguns fragmentos de bosques autóctones - “testemunho vivo da paisagem subtropical ibérica de há seis milhões de anos” - constituídos por Louriçais.
Com o objectivo de preservar a fauna e a flora do meio ambiente fluvial, o município está a preparar uma candidatura ao Programa de Desenvolvimento Rural - PRODER, que contempla a “Manutenção e Recuperação de Galerias Ripícolas e Corredores Ecológicos”.
As intervenções na margem da ribeira visam assegurar a preservação e salvaguarda dos recursos naturais e “dinamizar uma actividade que poderá criar novas fontes de rendimento neste espaço rural”.
Consciente do “enorme valor ambiental” da zona, a Câmara tem desenvolvido um conjunto de trabalhos, com entidades públicas e privadas, com vista a uma futura classificação como Área Protegida Municipal e sua integração na Rede Nacional de Áreas Protegidas.
Fonte:Lusa
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