Incrédulos – muitos mirandenses – nem queriam acreditar, ontem durante a passagem do ano.
“- Olhem que nem um foguete!”
Muitos olhavam para a noite escura e fria à espera dum milagre. Que por certo acontecerá só na casa dalguns.
“- Deixem estar que a crise não lhes bate à porta!”
Aguardaram em vão.
“- São sempre os mesmos a comer!”
Não se ouviram os tachos, nem os votos dum Bom Ano, nem a agitação foi a mesma.
A noite estava triste…
“- Se eles cortassem nas mordomias deles, nos carros, nas várias ocupações (jobs), nas parcerias publico privadas (nas jogadas pouco claras), nos luxos, nas negociatas permanentes (pois nem tudo o que parece é!).” – Pareciam dizer muitos mirandenses à janela.
“- Olha que nem era por causa dum foguete.”
“- Tão poupadinhos que eles andam.”
Muitos ficaram por casa em jantares de família, longe da agitação e do bulício.
O silêncio e o isolamento ameaça comprometer a vila e a região.
Ao longe ouviam-se alguns acordes dum baile e um particular lá mandava um fogacho.
Já não é só a crise, mas falta de confiança que ameaça pôr por terra os sonhos duma vida…
Há quem rume a outras paragens bem mais atractivas: Brasil, Angola, Moçambique, Qatar, Inglaterra, Suiça, Luxemburgo,…
A cada dia que passa Miranda do Corvo tornou-se a vila das tabuletas multiplicam-se os “vende-se” e os “arrenda-se”. Há já quem tenha entregue a casa ao Banco e tenha ido para casa dos pais. Por outro lado há quem desespere o tempo infinito que leva para chegar de autocarro a Coimbra.
“- Isto já foi terra que deu uvas…”
“- E para o ano com o IMI como é que vai ser.”
Miranda do Corvo, sem transportes credíveis pode tornar-se a breve trecho uma terra de ninguém. E o Comércio? E a Indústria? E os serviços?
Está tudo fechado…
Lá fora a noite está escura.
A todos os votos dum Bom Ano de 2012.
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