Infelizmente já não temos o centenário Ramal da Lousã, pois fizeram o favor de acabarem com ele, para desespero dos mais de 40.000 habitantes que vivem nos concelhos de Miranda do Corvo e da Lousã, autênticos dormitórios de Coimbra.
As pessoas procuraram em tempos, casas por terras de Miranda e da Lousã, por estas serem mais baratas, que em Coimbra.
Para além da paz e da serenidade da região é possível ainda desfrutar os ares da serra e a serenidade. Agora viram desvalorizar os seus imóveis e o investimento de uma vida.
Para todos aqueles que nos visitavam o comboio tinha algo de mágico, de nostálgico, que desapareceu infelizmente.
Aliás esta região está sob o ataque cerrado dos Governos de Lisboa, sejam eles do PS ou do PSD, vimos fechar as urgências dos Centros de Saúde locais (Miranda do Corvo e Lousã).
O Ramal da Lousã (também se finou), venderam-nos a ideia dum metro que não passa agora dum milímetro e até as obras do IC3 podem vir a parar.
Tudo pára nesta região, alias ultimamente tornou-se "moda"...
Metro que teima em se afirmar desde 1996.
Só que nunca ninguém é responsabilizado, como já vem sendo um lugar comum por todo o país, aqui não roubaram um pão, aqui foram largos milhões à descarada e onde estão os carris? As antigas automotoras? A brita que revestia a via férrea e as sulipas?
Para onde foram? Será que ninguém faz perguntas? Será que ninguém viu nada?
Será que ninguém ganhou dinheiro com o desmantelamento da linha e do Ramal da Lousã?
Quanto dinheiro foi gasto nos aparcamentos e nas novas estações, ou nos taludes e barreiras, entre Coimbra e Serpins?
Creio que mais de 100 milhões de euros.
Sabiam que bastavam 20 milhões para electrificar a linha?
E as polémicas demolições na baixinha de Coimbra?
E os estudos sucessivos pagos a peso de ouro desde 1996?
Se fosse um desgraçado que fosse apanhado com a boca na botija ia logo dentro... Só que aqui foram gastos largos milhões, 20 milhões bastavam para electrificar a linha, só que provavelmente já gastaram mais de 100 milhões, e então ninguém pede contas?
Escaqueiraram um Ramal Centenário e soluções de transporte não há à vista...
Nem ninguém é responsabilizado?
Os habitantes e utentes do Caminho de Ferro de Miranda do Corvo e da Lousã constituíram um Movimento de cidadãos que efectuou uma marcha lenta na EN 1, com a participação de milhares de pessoas, (por duas vezes fomos a Lisboa) à Assembleia da Republica, cantamos as Janeiras a José Sócrates, não participamos nas Presidenciais (concelhos de Miranda do Corvo e Lousã), protestamos em jogos de futebol da Académica de Coimbra, tentamos ser em vão ser recebidos por dois primeiros ministros, ministros e secretários de estado.
O Estado não tem comparecido às Assembleias da Metro Mondego.
Quem descalça agora a bota?
Vários grupos de parlamentares vieram a Miranda do Corvo.
Protestamos. Até agora obtemos uma mera declaração de intenções. Só que a imagem parece que não passa na comunicação social. Pois neste país tudo é permitido...
Em inúmeras reuniões do Movimento pugnei sempre pela responsabilização criminal dos implicados, fui das poucas vozes a lutar, a remar. Apresentei o texto que anexo, lancei-o a debate na página do Movimento no Facebook.
Nas obras ainda em curso foi gasto dinheiro do Banco Europeu de Investimento.
Neste momento há duas empreitadas em curso que estão prestes a acabar. Depois disso não há nada e as obras vão parar. As obras do Metro Mondego/Ramal da Lousã nem sequer estão inscritas no QREN é a impunidade total!
Parece que em breve também não haverá dinheiro para os autocarros e agora quem descalça a bota?
Partiram tudo e agora!?
Como é?
Acabamos por enviar a participação para o DIAP B, do Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra, vulgo 3ª Secção, onde estão os crimes de maior complexidade. Vamos ver o que isto dá...
Espero que a esperança possa ser devolvida a todos aqueles que um dia viajaram neste comboio e que agora utilizam o autocarro.
A queixa foi registada no DIAP B e o inquérito distribuído com o NUIPC 1896/11.6TACBR.
Sobre o Ramal da Lousã, deixo ainda uma breve história publicada por mim no Blogue Espaço Aberto:
Um cidadão revoltado com tudo isto, Mário Nunes